Evento foi aberto nesta quarta-feira e integra a 13ª do Foto em Pauta.
“Transborda” é o sugestivo nome da exposição de fotografias aberta no início da noite desta quarta-feira, 6 de março, no prédio da Prefeitura Antiga de Tiradentes. Trata-se de um projeto de oficinas de fotografia ministrado pelas Oficinas de Fotografia da Ação Cultural do Festival Artes Vertentes, com curadoria da Natália Chagas. Além disso, faz parte da 13ª edição do Festival de Fotografias de Tiradentes – Foto em Pauta.
Participam desta exposição que reúne fotografias e bordado, um grupo de mulheres do projeto Toque de Mãos com apoio da Superintendência da Mulher, que tem à frente Sônia Úrsula. As aulas de bordado foram ministradas pela voluntária Miriam de Lima e as de fotografia pela Natália Chagas. Na prática a exposição apresenta uma pequena parte do processo artístico desse trabalho.
Participam da exposição as artistas Abadia da Costa, Andréia Laurindo, Ana Sobral, Ângela Firmino, Carmem Lúcia, Daniela Souza, Eliana Santos, Ermínia de Nascimento, Maria Lúcia da Paz, Marisa Malta, Miriam de Lima, Mônica de Lima, Natalia Chagas, Regina da Silva, Rose Ellen Silva, Sônia Úrsula, Valeria Borges e Zélia de Oliveira. Todas são residentes na periferia de Tiradentes e com idades entre 36 e 87 anos.
As participantes foram convidadas a rever suas histórias por meio de registros fotográficos. A partir do sentimento que estas fotos lhes trouxeram elas fizerem intervenções por meio do bordado nestas fotos. Como detalha Natália Chagas no texto de apresentação da exposição, são “mulheres aguerridas, com muitas histórias para contar, mas que no decorrer de suas vidas não tiveram a chance de sonhar em ser artistas… e não tiveram experiências prévias com uma agulha de bordado”, explicou.
O que se vê nas “entrelinhas” das fotos expostas são “as sabedorias dessas artistas”, como bem definiu Natália. Junto de cada fotografia um fragmento importante da história de vida de cada uma. São lembranças emotivas daquele momento congelado da foto que traz de volta uma vida inteira, etapas que sobreviveram para estarem aqui hoje. É o caso, por exemplo, de Sônia Úrsula, a Superintendente da Mulher em Tiradentes (foto acima). No texto que acompanha sua foto onde aparece de pé segurada pelo pai, ela surpreende:
Minha infância foi cheia de violências e muito conturbada. Guardo poucas lembranças na minha memória, acho que como defesa mesmo. Meu pai era uma pessoa muito complicada, sabe? A convivência com ele era muito difícil. Mas a possibilidade de bordar esse momento me fez sentir uma vontade de ressignificar e também extravasar algumas emoções guardadas. Literalmente, transbordando para conseguir levar uma vida mais leve, tirar um pouco o peso da minha bagagem!”
Veja as fotos abaixo e conheça as histórias fascinantes destas artistas, visitando pessoalmente a exposição, que poderia ser chamada também de “coleção de emoções”.