Iniciativa une mineiros pelo reconhecimento do queijo como Patrimônio da Humanidade.
Com anúncio marcado para o próximo dia cinco de dezembro, o Modo de Fazer o Queijo Minas Artesanal (QMA), símbolo da cultura e identidade mineira, pode finalmente se tornar Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Em comemoração e apoio a essa candidatura histórica, um grupo de apaixonados pela iguaria lançou no último dia 7 de novembro, em Araxá, no Alto Paranaíba, a missão Rumo ao Patrimônio Cultural. Durante o mês de novembro, a bordo de uma Kombi, eles farão uma jornada especial que levará um queijo de mais de quatro quilos para percorrer as dez principais regiões produtoras do estado.
Organizada por Maricell Hussein, integrante da Comissão para a Promoção da Candidatura, a missão é tanto uma celebração quanto um ato simbólico de união dos mineiros em torno desse movimento que busca o reconhecimento deste símbolo de Minas Gerais no cenário mundial. “A missão não é apenas uma viagem, é um evento cultural em movimento. Vamos mostrar que todos estão focados e unidos em prol dessa causa”, destaca a também organizadora da ExpoQueijo Brasil.
KombiQueijo
A Kombi estilizada, carinhosamente chamada de KombiQueijo, é um atrativo à parte. Dentro dela, em uma redoma de vidro, um Queijo Minas Artesanal de quatro quilos percorrerá todas as regiões produtoras do estado. A comitiva será recebida com festa por prefeituras, associações e produtores ao longo do caminho. “O percurso também poderá ser acompanhado por todos os entusiastas. A KombiQueijo tem um QR Code e poderá ser rastreada em tempo real, permitindo ao público acompanhar cada parada e as celebrações ao longo do caminho”, explica Maricell.
Trajeto
Araxá é o ponto de partida da missão. Na sequência, o grupo segue para as regiões produtoras do Triângulo Mineiro, Cerrado, Serra do Salitre e Canastra. A aventura, então, ganha outros ares nas regiões de Serras da Ibitipoca, Campo das Vertentes e Diamantina, passando pelo Serro e Entre Serras da Piedade ao Caraça.
Antes da conclusão da jornada, a KombiQueijo faz uma parada em Belo Horizonte, onde o queijo será exibido e recebido no Mercado Central. A previsão é que o retorno a Araxá ocorra até o dia 18 de novembro. Serão quase três mil quilômetros percorridos.
Roteiro
07/11 – Saída de Araxá (Região de Araxá)
07/11 – Uberlândia (Triângulo Mineiro)
08/11 – Abadia dos Dourados (Cerrado)
08/11 – Serra do Salitre (Serra do Salitre)
09/11 – São Roque de Minas (Canastra)
11/11 – Lima Duarte (Serras da Ibitipoca)
12/11 – Tiradentes (Campo das Vertentes)
13/11 – Diamantina (Diamantina)
14/11 – Serro (Serro)
15/11 – Santuário do Caraça, Catas Altas (Entre Serras da Piedade ao Caraça)
16/11 – Santuário Nossa Senhora da Piedade, Caeté (Entre Serras da Piedade ao Caraça)
17/11 – Belo Horizonte
18/11 – Retorno para Araxá (Região de Araxá)
Mapa de Minas
A cada cidade visitada, um pedaço de um mapa das regiões produtoras será entregue, formando, ao final, um grande quebra-cabeça simbólico. Este mapa será reunido na ExpoQueijo Brasil 2025 – Araxá International Cheese Awards, evento considerado como o maior concurso de queijos das Américas. “Estamos muito confiantes que a Unesco vai, sim, reconhecer, no dia cinco de dezembro no Paraguai, nosso modo de fazer o QMA. Esperamos celebrar na ExpoQueijo essa conquista, montando esse quebra-cabeça em um pedestal e unindo esse mapa com todas as regiões. É a hora de projetarmos a cultura do queijo mineiro para o mundo”, destaca Maricell Hussein.
Histórico da Candidatura
A candidatura do Modo de Fazer do Queijo Minas Artesanal teve início em setembro de 2022, durante o 4º Festival do Queijo Artesanal Mineiro, com o apoio do Governo de Minas Gerais, Secult-MG, Iphan e IEPHA-MG. Desde então, diversas ações foram realizadas para fortalecer a candidatura, incluindo uma missão internacional ao Marrocos em 2022, onde foram distribuídos materiais promocionais e promovida uma degustação de queijos mineiros para sensibilizar delegados internacionais.
Em março de 2023, o IEPHA-MG formalizou a candidatura junto ao Iphan, que encaminhou a documentação à UNESCO. O processo de análise pela UNESCO é rigoroso e inclui uma avaliação da relevância cultural do Queijo Minas Artesanal e sua salvaguarda por órgãos brasileiros. Durante o ciclo de candidatura, diversas ações de promoção foram realizadas para destacar a importância dessa tradição centenária e engajar tanto a sociedade quanto os delegados internacionais.
Queijo Minas Artesanal
O Queijo Minas Artesanal (QMA) representa um marco da produção artesanal de Minas Gerais. Famoso por ser feito a partir de leite de vaca cru e por manter métodos tradicionais em pequenas propriedades rurais, a iguaria é fonte de renda para milhares de pessoas no estado.
Atualmente, são reconhecidas 10 microrregiões produtoras: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serras da Ibitipoca, Serra do Salitre, Serro e Triângulo Mineiro. Somente produtores dessas regiões têm autorização para usar o nome da localidade na rotulagem, conforme o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).
O produto é regulamentado pela Lei Estadual nº 23.157, de 18 de dezembro de 2018, que define o Queijo Minas Artesanal como o queijo produzido em conformidade com a tradição cultural e histórica de cada região. O processo deve seguir normas específicas, incluindo o uso de leite integral fresco e cru da própria propriedade, sem adição de conservantes ou corantes, resultando em uma massa uniforme e com sabor característico.
Fonte: Daniel Nacati | Foto: Organização do evento