Feira acontece em imóvel restaurado e rico em histórias populares.
Suéllen Sottani é uma mulher que sabe muito bem o que quer, bem como as bandeiras que escolhe defender. Artista por vocação, assumiu a presidência da AFAT – Associação Feira de Arte e Artesanato Tiradentes – entidade que ajudou a fundar, com o objetivo de contribuir para o crescimento coletivo dos artesãos e da arte que produzem. Hoje ela comemora o final feliz de uma luta antiga, a conquista da sede própria para a Feira de Artesanato, um sonho nascido muito antes de ser uma necessidade, e um passo adiante na valorização do artista local. Graças a um contrato de comodato proposto pela Prefeitura de Tiradentes, a AFAT, agora, ocupa o antigo Matadouro Municipal, que passou a ser denominado Centro Cultural Celina Nascimento, inaugurado no começo de dezembro.
Mas a história do antigo Matadouro com a Feira de Artesanato vem de longa data, lembra Suéllen. É que os feirantes ocupavam o largo da Rodoviária que fica em frente ao antigo imóvel desde que a Câmara Municipal aprovou uma lei neste sentido. E como estava desativado, eles cuidavam do prédio ao mesmo tempo que o utilizavam para guardar seus produtos, além de usar os banheiros. “Quando a prefeitura nos ofereceu aquele imóvel em comodato a gente aprovou a proposta em votação”, diz. Hoje a Feira funciona nos finais de semana, sendo no começo da tarde de sexta-feira até às 19 horas; sábado, o dia todo até o início da noite, e domingo até às 18h, informa a presidente.
A origem da Feira
A Feira de Artesanato começou bem informal com os feirantes expondo no Largo das Forras. Depois de algum tempo passou a ocupar o Largo da Rodoviária, dividindo a área com o estacionamento, até conquistar o seu espaço próprio no antigo Matadouro. “No começo era uma feira itinerante, que tinha barracas diferentes e desmontáveis”, lembra Suéllen. “Há seis anos começamos essa trajetória de formalização para virar uma Associação que hoje tem personalidade jurídica, padronizamos as bancas com recursos próprios e adotamos outras medidas de padronização e redução do impacto visual no Largo do Ribeiro (rodoviária)”, completa.
Hoje a entidade conta com 26 feirantes – todos residentes na cidade – e, ainda, com a assessoria de contadora e advogada. Tudo custeado pela própria associação com recursos próprios. “Para a maioria dos feirantes a feira é a principal fonte de renda e todos vendem o que produzem já que são os próprios artistas que criam os produtos”, revela a presidente acrescentando que todos os feirantes estão regularizados, com alvará municipal intransferível e inegociável. Em caso de vacância, por qualquer motivo, será realizada uma licitação e o vencedor passará a ocupar o espaço.”
Além de comercializar seu artesanato, a AFAT realizou, pela primeira vez ao longo deste ano, doze oficinas gratuitas para a comunidade nos bairros carentes, especialmente voltado para as mulheres visando incentivar a economia sustentável entre aquelas que não tem renda, conta Suéllen. “Fizemos oficinas de balão e galinha de cabaça, para adultos e uma para as crianças ensinando confeccionar biruta e dobradura de papel. Foi excelente a iniciativa e vamos continuar”, assegurou. Para sustentar estes projetos e outros que estão sendo planejados, a Feira obteve recursos da Lei Aldir Blanc e vai participar também de edital do município neste sentido, disse.
Sobre o futuro, Suéllen diz ser otimista e promissor. “Queremos conseguir alinhar cada vez mais o artesanato raiz e que a gente seja um centro cultural referência em artesanato daqui. Que cada feirante possa mostrar o seu próprio valor com essa dignidade, segurança que eles tem agora aqui, e que a gente possa dar esse valor no patrimônio do antigo matadouro que é maravilhoso e não recebia visitação. Por fim, quero registrar que o turista vai se impressionar com aquele monumento”, concluiu.